quinta-feira, 26 de março de 2009

A.C.R. - AMOR, PROTESTO Y ÓDIO!

Amor, Protesto y Ódio! foi uma banda de sampa bem representativa no cenário anarcopunk nacional.

A.C.R. (Anarquistas Contra o Racismo)


BAIXE AQUI


(Do Split LP com Abuso Sonoro "Infanzia Armada")

Pessoas miseráveis são massacradas
por um sistema econômico racista
Indivíduos fardados garantem a repressão
de grupos confinados à submissão

Anarquistas Contra o Racismo
Pela igualdade e combate ao fascismo (2x)

Numa sociedade impregnada de ódio
se torna cúmplice de ataques nazi-fascistas
iludidas com idéias pré-concebidas
propagadas no cotidiano de forma sutil

Anarquistas Contra o Racismo
Pela igualdade e combate ao fascismo (2x)

Contra o racismo, pela igualdade
De todos os seres sem distinção
Sem preconceitos de cor ou raça
Tod@s unid@s contra a opressão


Seguem alguns textos bem antigos sobre o projeto A.C.R., que chegou a desenvolver-se em vários locais pelo país (São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Curitiba e Santa Catarina). Atualmente me parece que continua enquanto uma ONG no sul, para maiores informações entre aqui.

CONSTRUINDO UMA LUTA

Criado no final de 1992, começo de 1993, o Projeto A.C.R. foi idealizado e hoje é tocado por anarquistas e em maior número por militantes do MAP (Movimento Anarco-Punk), embora esteja aberto a participação de tod@s.
O movimento anarco-punk já tinha a luta antifascista e anti-racista como uma das bandeiras de luta antes da idealização do A.C.R., cada localidade onde havia o MAP, já vinha desenvolvendo um trabalho dentro da luta antifascista e anti-racista, porém as dificuldades existentes na época eram este trabalho era desenvolvido de forma superficial, completamente desconectado dos movimentos sociais que também desenvolviam a luta anti-racista e sem contato com as "minorias" étnicas e de gênero atingidas pelo preconceito, discriminação e pelo racismo.
Mesmo entre os núcleos do MAP o trabalho anti-racista carecia de estruturação orgânica, coesão e de intercâmbio internúcleos. A partir desta análise, alguns indivíduos de São Paulo que não participavam necessariamente dos mesmos coletivos iniciaram uma articulação local que transformou-se no que hoje é o Projeto A.C.R.
Desde o início já tínhamos claro nossa opção por organizar um projeto, um trabalho em conjunto, uma idéia que tivesse fácil circulação entre os coletivos e entre os vários indivíduos. O primeiro panfleto surgiu quando ia ser realizado um pedágio para arrecadar fundos para realizarmos algumas atividades. Este panfleto refletia nosso repúdio ao racismo cotidiano e em especial as ações cometidas no ano anterior pelos "white-powers", e foi assinado como "Anarquistas na Rua Contra o Racismo" (em março de 1993).
No mês seguinte (abril de 93), um adolescente negro de 15 anos foi morto pelo grupo nazi-fascista "carecas do ABC", na região de São Bernardo do Campo na grande São Paulo.
Os movimentos sociais anti-racistas, que já haviam se reunido em outubro de 1992, em repúdio ao ataque dos "white powers" à Rádio Atual (de programação dirigida a comunidade nordestina em São Paulo) e em protesto ao programa "Documento Especial" que deu voz aos neonazistas de São Paulo, voltam a se reunir em abril de 1993 som um clima de indignação e revolta face ao assassinato deste adolescente negro. Esboça-se na cidade de São Paulo a criação de um amplo fórum multiétnico, supra-político e multi-cultural contra a ação dos neonazistas, nós enquanto anarco-punks e com o embrionários panfleto participamos das discussões.
Vários segmentos da sociedade estavam ali representados: movimentos negros, mulheres, nordestinos, organizações judaicas, grupos de pesquisa, movimentos populares e sociais entre outros.
A reunião deu-se no Conselho Participativo da Comunidade Negra de São Paulo e marcou para nós o início de nossos trabalhos a nível de A.C.R. e o lançamento da pedra fundamental para direcionarmos nosso trabalho para uma inserção social enquanto militantes anarquistas/anarco-punks na luta contra o racismo, preconceito e a discriminação em geral.
O resultado dessa reunião foi a realização de uma grande passeata com mais de 4 mil pessoas no dia 13 de maio de 1993. Panfletos e carros de som repudiavam a ação dos neonazistas, clamavam por justiça e alguns juravam vingança.
Passada a indignação inicial, os meios de comunicação deixaram de divulgar o caso, nenhum neonazista foi preso, a dimensão inicial do fórum anti-racista foi esvaziado e quase tudo voltava ao normal.
Nós dissemos quase tudo...
... Dias após a passeata do dia 13 de maio, um militante nosso foi atacado e violentamente espancado por neonazistas do grupo "carecas do ABC", tomou vários pontos na testa, alguns dentes a menos e um pequeno afundamento facial.
Da nossa indignação face a mais esta agressão fascista, nasceu a convicção da necessidade de nos organizarmos enquanto anarquistas, anarco-punks e antifascistas e de nos articularmos com outros segmentos da sociedade, também alvos da violência neo-nazi-fascista.
Somente assim poderemos fazer frente a crescente ação de grupos de extrema direita e também desenvolvermos uma ação efetiva contra o racismo e outras formas de discriminação cotidianas.
Sabíamos que o Projeto A.C.R. e o MAP não poderia limitar seu combate a grupo skinheads, que apesar de violentos e homicidas em potencial, são apenas massa de manobra de setores ultra-reacionários, conservadores e nazi-fascistas da sociedade, nem entramos numa aspiral de violência com eles, pois estaríamos no campo deles, uma vez que a apologia e uso da violência, o culto a força física e a intolerância extremada são algumas das principais características dos skinheads.
Ao invés de nós entrarmos no campo da violência física com os fascistas, nosso projeto buscou e busca construir alianças com vários setores sociais para em conjunto traçarmos estratégias eficientes para coibir a ação da extrema direita e combater as manifestações cotidianas de racismo na nossa sociedade.
Todas estas constatações a partir de São Paulo encontraram terreno fértil em vários núcleos do MAP pelo Brasil, núcleos estes que posteriormente vieram a fazer parte do projeto A.C.R., no caso Santos, Rio de Janeiro e Curitiba.
A ampliação do Projeto A.C.R. a outras localidades foi um fato determinante para torná-lo mais coeso e produtivo, uma vez que o crescimento do nosso projeto sempre foi mais qualitativo do que quantitativo.
Os núcleos existentes atualmente Criciúma, Curitiba, Rio de Janeiro, Santos, São Paulo (e um núcleo colaborador em Cruzeiro - SP) buscam desenvolver trabalhos com as comunidades e movimentos sociais de suas regiões dentro de uma linha geral de conduta aprovada de forma horizontal por todos os núcleos.
Trabalhos estes que buscam resgatar a capacidade de auto-organização da sociedade despertando a população e os movimentos sociais anti-discriminatórios, para a necessidade de criarmos instâncias de luta contra todas as formas de preconceito, racismo e discriminação.
Defendemos com veemência a criação de fóruns multi-étnicos, supra-políticos-religiosos e multiculturais como forma dos vários segmentos atingidos pela intolerância racial da sociedade, reagirem e construírem instâncias sociais combativas e atuantes onde a democracia étnica seja um fato e não um engodo.
Buscamos com nosso trabalho, enquanto projetistas, um permanente aperfeiçoamento dos métodos de ação tornando mais visível, coeso e eficiente nossa resistência e nossa batalha.
Batalha esta que desenvolvemos de forma apaixonada, buscando superar assim uma a uma as adversidades que encontramos pelo caminho, e que não são poucas.
Batalha esta que travamos com nossos punhos cerrados, com nossa bandeira negra hasteada e com a disposição de quilombolas com anabolas que somos.
SOMOS O A.C.R.!!! SOMOS O M.A.P.!!! SOMOS OS ANARQUISTAS CONTRA O RACISMO!!

Setembro de 1999.


O PROJETO A.C.R. E A LUTA CONTRA O RACISMO

Os projetistas do A.C.R. buscam atuar nas mais distintas instâncias da luta contra o racismo, tanto intercambiamos com grupos de estudos, como com pesquisadores, também com grupos étnicos específicos, homossexuais, grupos de mulheres, com organizações sindicais, culturais, políticas e até religiosas.
Nossa presença mais constante é junto ao movimento negro, devido a diversidade de entidades que atuam no mesmo. Esta nossa participação junto a entidades do movimento negro não deve ser confundido com sermos integrantes do mesmo.
Quando colocamos que não somos parte integrante do movimento negro, estamos definindo que em nossa avaliação, o mesmo tem pontos específicos com os quais nós concordamos, mas não nos encaixamos. O trabalho deste é baseado entre outras coisas, no resgate histórico e cultural do povo negro, como forma de desenvolver a auto-estima, promover a conscientização e incentivar a luta das novas e velhas gerações do povo negro contra esta sociedade racista e excludente. Esse é um dos pontos que embora nós do A.C.R. não desenvolvemos especificamente, mas damos irrestrito apoio.
Quando sentamos à mesa junto a organizações do movimento negro e outros fóruns, o fazemos na qualidade de aliados permanentes na luta anti-racista. Nós, enquanto aliados, temos fórum específico de discussão e metodologia própria de organização.
Buscamos outras organizações de luta contra o racismo e a discriminação para intercambiar idéias e ações, nunca nos colocamos na posição de ensinar ninguém à lutar, afinal, quem mais do que o próprio oprimido para saber onde é que "bate a chibata".
Portanto, nos aproximamos destes fóruns buscando debater e agir em comum acordo, na medida do possível. Buscamos conhecer cada vez mais a realidade dos negros, dos nordestinos, dos homossexuais entre outros, para tentarmos traçar estratégias eficientes de luta contra o racismo e a discriminação.
Cremos que o pluralismo na luta contra o racismo é algo que deve ser incentivado, pluralismo este que deve expressar a diversidade política, cultural, étnica, religiosa e ideológica que torna o Brasil "sui generis" devido às condições continentais e populacionais frente ao racismo. Os vários fóruns de grupos étnicos, grupos específicos e os demais devem estreitar laços e descobrir afinidades para juntos combaterem as várias facetas do racismo e da discriminação.
O projeto A.C.R. é multiétnico, temos pessoas de várias etnias que desenvolvem conosco este projeto. E é nessa condição que o A.C.R. atua, qualquer fórum que busque contato conosco interessado apenas nos negros, homossexuais, judeus, brancos, azuis, lilases ou manetas do A.C.R., não encontrará respaldo nosso. Somos integrantes de um projeto, como já dissemos, multiétnico e como tal atuamos, sem qualquer divisão por etnia, orientação sexual e outros pontos que possam fragmentar nossa coesão e enfraquecer nossa luta.
É nessa condição, que nós projetistas nos colocamos à disposição dos grupos anti-racistas, para juntos atuarmos e juntos vencermos a luta contra toda e qualquer forma de racismo, preconceito e discriminação, venham eles de onde vierem.

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