segunda-feira, 27 de abril de 2009

Nuestra pátria... - LUCHA AUTONOMA

LUCHA AUTONOMA é uma banda punk do México, creio que do DF, ativa desde 1995. Alguns de seus membros fazem parte da J.A.R. (Juventude Anti-autoritária Revolucionária), coletivo libertário de viés punk criado no final do ano de 1993.

NUESTRA PÁTRIA...


BAIXE AQUI

(Do CDR "Nuestra lucha no claudicara jamás")

Ouvi, mortais, o grito sagrado
De autonomia, justiça e dignidade
Nas vozes daquel@s quem lutam
em defesa da liberdade.
Libertári@s de todos os tempos
"não mais jugo!", podemos dizer
Durruti, Sandino, Zapata
O seu exemplo nos obriga a seguir
D@s trabalhador@s que não se renderam
seus carrascos ousam não invejar
A grandeza de habita seus peitos,
suas palavras fizeram tremer.
O lamento da criança que grita:
"Dá-me pão, dá o pão, dá-me pão,"
lhe responde a terra tremendo,
e o povo se levanta armado
Desde um pólo até outro ressoa
este grito que o burguês aterroriza,
e @s punks repetem em coro:
"A nossa pátria, burguês, é a terra!" (5x)


Letra adaptada de um cancionero anarquista chamado "Viva la anarquia!". Ouça aqui a original.


O que é a J.A.R.?


Para começar, pensamos que...
Desde crianças, nos disseram que a bondade
e a sabedoria reinam na sociedade,
mas vamos crescendo e nos damos conta
que apenas @s cínic@s, @s rasteir@s e @s
déspotas são @s que obtém um posto
entra a abundância e o poder, enquanto
90% das pessoas não possuem mais que
sua força de trabalho que será absorvida
junto com sua saúde e sua juventude
em décadas de trabalho alienante.

Nos acusam de louc@s, de inadaptad@s, de vândalos
de utópicos e que para vocês
o delito é lutar por uma vida digna para
todas as pessoas para todas terem
o direito de serem donas de suas vidas, lutar por justiça
liberdade, igualdade.
Por acaso isso é loucura?

Miséria, injustiça, frustração, desastre
ecológico, tudo isso já é algo comum e
acima de tudo querem que nos
acostumemos a viver assim, na
humilhação, não podemos ficar
de braços cruzados
Temos que fazer algo!

Para saber mais, assista os vídeos abaixo sobre a J.A.R.







Adeus a Antônio Martinez (*)

Na madrugada do dia 29/10/98 falecia o militante anarquista Antônio Martinez. Contava com 83 anos quando teve de ser internado no hospital de Jabaquara em São Paulo; foi submetido à uma cirurgia que arrancou-lhe um tumor maligno da cabeça. Teve alta e, quando convalescia em casa, foi internado novamente no hospital do Parque Mundo Novo, onde veio a falecer de pneumonia dupla. "Martins", como era carinhosamente chamado pel@s seus/suas companheir@s, deixou-nos às 3:30 h da manhã. Seu velório foi no cemitério do Araçã, onde foi enterrado às 16:00 h do mesmo dia. Seu caixão simples não continha flores, apenas uma velha bandeira negra improvisada de última hora e o cristo no crucifixo de seu velório fora virado para a janela, simbolizando o último gesto de sua dignidade - se deus não o acompanhou em vida, também não o acompanharia na morte. Martins nada deixou escrito, recusava-se relutantemente a qualquer atividade teórica; também recusava qualquer tentativa de registro pessoal: fotos, depoimentos, entrevistas, nada...queria permanecer anônimo. Nós mesm@s o vínhamos assediando para o registro de suas memórias e, quando parecia tê-lo convencido, a morte nos impediu. Apesar disto, tod@s que passavam pelo CCS conheciam o Martins. O exemplo sempre foi sua maior propaganda e da qual ele sabia faze-lo como ninguém. Nas atividades do CCS era sempre o primeiro a chegar, jamais se atrasava...sentava-se sempre no fundo da sala e, quando algum/a inadvertid@ conferencista tocava nalgum tema de seu interesse, lá estava ele, com dedo em riste, falando alto e firme: "Eu discuto com qualquer um: advogado, economista...qualquer um"; e de fato discutia. Martins foi aquele tipo de militante simples e anônimo de que fala Penef (1), "Atores secundários, circunstanciais, nem lideranças ou celebridades, nem pessoas obscuras perdidas na multidão; mas pessoas que têm ação organizada, sem vantagem material ou poder, sem ser membr@ de uma burocracia" e que dedicou toda a existência a uma causa. "É uma enorme felicidade saber que o Anarquismo tem produzido figuras tão íntegras e bonitas como ele. É uma das muitas verdades que temos e devemos passar para frente", dizia Margareth Rago (2) quando perdemos o companheiro Jaime em maio deste mesmo ano. Martins era um "tipo humano" de uma época e de um meio muito particular, possuía uma cultura enciclopédica e uma simplicidade de operário manual. A geração da qual pertenceu divertia-se lendo, entre outras coisas O Manolin e o II Certame Socialista; de uma geração de velh@s militantes do movimento anarquista na capital de São Paulo, homens que iniciaram sua militância já no início da década de 30, que dedicaram sua vida a uma concepção de mundo, onde o valor de um ideal que se pretende realizar toma o sentido de sua vidas, um ethos para o qual se tende a basear sua conduta no mundo. Se é verdade o que a sociologia diz que todo homem participa, de uma maneira ou de outra, da história de uma determinada sociedade através de sua biografia, isso é sobretudo verdade em homens como Martins. Depois de ter ganho sua confiança me contava suas "façanhas" que iam desde a batalha contra os integralistas na Praça da Sé, onde empunhou armas junto ao movimento operário em 1934, até sua convivência com @s morador@s de um cortiço no bairro do Brás, onde viveu a maior parte de sua infância e de sua adolescência. Personalidade reta, firme, como, como é possível tanta convicção reunida em um só homem? "Ah, se eu tivesse meus cinqüenta anos...", suspirava sentindo o peso dos seus oitenta anos de muita atividade libertária; "Se tenho esses cabelos brancos e estou neste movimento até hoje, é porque não encontrei nada melhor lá fora!", falava com certeza de que só um homem no final da vida teria. "Abaixo todos os dogmas religiosos e filosóficos, eles nada mais são do que mentiras, a verdade não é uma teoria, mas um fato!"3, são palavras que encontravam-se incrustadas em sua personalidade. Nele o ideal ganhava expressividade e vitalidade; por ele concretiza sua identidade e dava substância a sua existência eminentemente libertária; com ele vencia os limites, adquiria força, entusiasmo, esperança e permitia-se transpor a realidade, por mais invencível que se lhe apresentasse. As memórias deste velho companheiro se encontram de esparsas recordações entre jovens e velh@s que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Nunca conheci uma pessoa onde simplicidade e idealismo fossem reunidos com tamanho vigor. No seu leito de morte, como se o prelúdio de sua partida houvesse lhe sido anunciado, me disse: "Tanta coisa grande para se fazer rapaz, e eu aqui desse jeito...!" Antônio morreu...a beleza de sua energia, de ouvir suas palavras e depois poder olhar para as coisas com um certo otimismo idealista, de ver que o sonho também tem mais de 80 anos e vive como se tivesse 17, tudo isto, tenho certeza, ele deixou para aquel@s que o cercavam. A nossa dor é por tê-lo deixado partir assim injustamente, sem história...os homens não merecem monumentos, mas livros, registros de suas frustrações e vitórias. É uma pena que as futuras gerações se furtem delas... Descansa meu velho...você merece, mas tenha a certeza que não morrestes totalmente!

Nildo Batata (Centro de Cultura Social/SP)

Referências:
1 PENEFF, M. Mythes n life stories. In: SAMUEL, R. & THOMPSON, P. The Mytes we live by. London, Pontledge, 1990.
2 RAGO, M. "Quem foi Jaime Cubero?", mural eletrônico de Jaime Cubero.
3 BAKUNIN, M. Bakunin por Bakunin...cartas. Brasília, Novos Tempos, 1987.

* Texto retirado do blog INOMINÁVEL.

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