terça-feira, 14 de abril de 2009

Modern day f-word - ANTIPRODUCT

"Nós gostaríamos de pensar Antiproduct (1995-2002) como um conjunto de idéias e experiências que fomos afortunad@s o suficiente para compartilhar, não apenas um/a com @ outr@, mas com uma família estendida e uma grande comunidade também".

Modern day f-word (Palavra fodida da modernidade)


BAIXE AQUI


(Do LP "The Deafening Silence of Grinding Gears")


FEMINISMO
a palavra fodida da modernidade
rejeitada e jogada de lado
mas quem diabos está fazendo as definições?
esse termo foi dado
por nossas MÃES e nossas IRMÃS como
uma dádiva
para dar nome às injustiças
ditadas pelo patriarcado
uma linguagem
para chamá-los de suas próprias merdas
para reconhecer a opressão de nosso gênero
para reconhecer a repressão de nossa força e poder
para questionar e lutar contra isso
FEMINISMO
'a noção radical que mulheres são pessoas'
e agora eles querem que nós acreditemos que essa linguagem
essa dádiva
é um fardo que nos rebaixa
que como mulher você é uma puta
se você encontrou sua força interior e luta por sua libertação
'puta'
ah, você quis dizer RADICAL
e, de qualquer jeito, o que diabos há de errado em ser radical?
alguém precisa acordar esta sociedade cega e monótona
e, de qualquer jeito, o que diabos há de errado em estar furiosa?
FÚRIA é só uma reação inerente à dor que nós sofremos
e ah, eu esqueci, não existe mais desigualdade
são os anos 90 agora
'você andou um longo caminho garota'
bem, eu não sou sua garota e a luta não acabou ainda
eu ainda não posso caminhar sozinha à noite sem medo de ser atacada
e os corpos objetificados sem cérebro de mulheres ainda estão balançando na mídia
e as feridas dos punhos famintos por poder ainda não saíram do rosto dela
alguns dizem que o termo feminismo aprisiona as mulheres em suas fronteiras limitadas
não é o feminismo que aprisiona as mulheres
é o sistema que rotula nosso gênero como inferior
se você não escolher um rótulo
acredite
eles vão escolher um para você
então prefiro aceitar esse rótulo
essa DÁDIVA
dada por nossas mães e nossas irmãs
e correr com ela
voar com ela
empurrar suas fronteiras
e expandir seu significado
de modo a caber
eu
você
nós


palavra fodida da modernidade foi inspirada por várias pessoas que eu encontrei em um ponto ou outro que me disseram que acreditavam na "igualdade dos homens e mulheres" mas não gostavam de se autodefinir como feministas, e por aquelas que me disseram que o sexismo não representa mais um problema. eu mesma não me considerei como feminista por um longo tempo. eu acredito que parte do motivo é porque eu era enganada pela grande mídia, levada a acreditar nos esteriótipos sobre o que o feminismo é. eu não acredito que se definir como "feminista" é tão importante quanto abrir sua mente para a teoria, literatura e trabalhos artísticos feministas. eu acho que estes são importantes para se entender a opressão de gênero assim como várias outras opressões na nossa sociedade. nós encorajamos as pessoas a questionar mais profundamente as noções mal concebidas sobre feminismo, e a considerar a importância da ideologia e práticas feministas... taína


Declaração do Feminismo Autônomo


VII Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe

Cartagena, 26 de novembro de 1996

Nós Feministas Autônomas entendemos o movimento feminista como o espaço que exercita em todo ato a união entre o íntimo, o privado e o público. Sem esses três níveis integrados terminamos sempre incompletas. É sua articulação que nos permite gerar desenvolvimento filosófico com a capacidade de proposta de outra cultura.

A tarefa feminista parte do pessoal, do eu, único lugar de onde se realiza a verdadeira liberdade que constrói o mundo. O corpo é a síntese e partida do fazer existencial e político.

Estamos pela construção de um movimento que gere uma interlocução e um diálogo com o mundo social, que impugne todas as formas do poder patriarcal, no público e no privado. Que questione o Estado e suas instituições. Nosso feminismo não é somar-se ou integrar-se às relações sociais de desigualdade e de poder que outros definiram. Nossa política não é fazer uma lista de reivindicações mas sim o processo crítico de repensar o mundo, a realidade e a cultura.

Nosso feminismo é inventar a sociedade que queremos construir. É fazer de cada tarefa uma atividade que una o conteúdo com a forma, o manual e o intelectual, a ética e a estética.

É criar múltiplas linguagens que falem e permitam nos reintegrar a nós mesmas e nós mesmas em relação ao mundo.

A legitimidade do nosso movimento não se constrói respondendo à legitimidade do sistema, mas sim na prática social. Nossa legitimidade se dá pelos fatos e não pelo reconhecimento jurídico por parte do Estado.

Estamos construindo um movimento que não nega nossa história, pois fazê-lo tem levado a uma confusão utilitária de nossas energias e propostas.

Queremos retomar as ruas, a imaginação pública, criar uma linguagem que acabe com a linguagem jurídica e suavizada da qual o sistema necessita, buscamos recuperar e recriar a linguagem subversiva que o feminismo iniciou.
Não retomamos as idéias que nos cooptaram e perderam seu sentido e queremos retomar as datas que já não comemoramos pois são utilizadas como datas oficiais de enfeite.

É vital a reintegração de muitas jovens, mas acreditamos que isso se dará mais amplamente quando o feminismo for capaz de propor uma nova imagem de mundo e não tarefas e temas parciais e institucionais.

Queremos acabar com a culpabilização que se faz dentro do movimento por querer falar à partir de lugares e imaginários não institucionalizados.

É preciso reconhecermos, entre nós mesmas, as contribuições de pensamento e experiências, e fazer circular o pensamento que foi gerado fora dos espaços oficiais, fora da institucionalização e à partir das práticas e espaços feministas autônomos.

Não queremos que nossas produções teóricas e materiais circulem como trocas monetárias e de legitimidade e carreira institucional, mas sim reinaugurar formas de troca, socializando o que pertence à história e à produção das mulheres.

Queremos meios de comunicação que potencializem a voz, as imaginações e as criações das mulheres, que façam circular nossas produções para enriquecer o desenvolvimento do pensamento e da prática e não para que se criem elites pensantes e escritoras.

Ninguém nos outorga a voz, esta é nossa. O que queremos é potencializar nossas palavras e idéias através de nossos meios.

Opinamos que a Fempress não é a voz oficial do feminismo. Nosso movimento não tem voz oficial e tampouco pode apropriar-se dela quem nega voz às que não pensam como elas.

Que ninguém escreva nossa história por nós. Queremos gerar formas para que cada experiência escreva sua própria história e que esta circule amplamente para que se enriqueça, crie nossa memória e nos ajude a aprender com nossos erros e acertos.

É imprescindível definir os limites éticos dos recursos e das instâncias e métodos para obtê-los. Não queremos seguir apoiando as políticas de financiamento que desconstroem nossos exercícios de democracia, de pensamento, nos instaurando nos caminhos do sistema, instalando-se em todo espaço que tenta ser rebelde.

Nos negamos a negociar com as instituições supranacionais e nacionais que provocam a fome e a miséria, instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, etc.

Temos que discutir e analisar os limites dos investimentos e da cooperação internacional.

Devemos conhecer e decodificar a origem e os procedimentos dos recursos e que isto também seja parte da subversão. Queremos contestar o dinheiro e o seu poder.

Precisamos de recursos, mas necessitamos gerar novas práticas para obtê-lo e colocar o que conseguimos à disposição de mais e mais mulheres, para que entre todas se multipliquem nossas contribuições e suportes, para criar recursos próprios que não dependam da cooperação para seu desenvolvimento. Isto é um desafio à nossa criatividade.

Precisamos de projetos políticos, teóricos, estéticos, culturais, investigativos, gerados à partir e pela dinâmica de um movimento que deseja questionar e aprofundar.

Queremos melhorar nossos diálogos e comunicação nas línguas continentais próprias, em especial o português e o espanhol, para que possamos compartilhar mais e melhor com brasileiras e hispanofalantes. Que o inglês seja fundamentalmente para dialogar com nossas irmãs anglofalantes e não para ter direito a participar dos grandes eventos internacionais do imperialismo.

Buscamos fortalecer e desenvolver as formas de intercambio com as mulheres rebeldes européias e estadunidenses, com essas mulheres que questionam tudo, com as que se colocam fora da definição da realidade e da legitimidade que lhes dá o poder político e acadêmico.

Queremos reconstruir a prática militante a partir de nossos compromissos conscientes. Concebemos o movimento feminista como o espaço político de experimentação, por isso a responsabilidade de construí-lo deve sair dos limites do horário e deveres trabalhistas das instituições.

A autonomia é um limite e uma possibilidade que define nossas formas de relação com o mundo, mas não é a autonomia da história. Estamos presentes nos processos históricos, em seus acontecimentos e lutas cotidianas onde alimentamos e aprofundamos nossa crítica ao sistema e de onde instauramos nossa subversão cotidiana, que fazemos à partir de nossa história.

Nossa tolerância é grande, mas tem limites. Já não queremos ser tolerantes com quem nos negocia e nos nega. Nossa ética não é a da tolerância infinita mas sim das relações de respeito e visibilidade.

Para saber mais sobre Feminismo Autônomo.

3 comentários:

Marcelo Fonseca disse...

Valeu pelo comentário, todo a poio é valido, mesmo que seja um incentivo no post do blog. tb me pego ansioso com o resultado final, mas estamos a 1/4 do material bruto ainda, entao tem muita agua par rolar.
valeu ai mais uma vez e fique em contato.
abraço.

Persona non grata disse...

foda mano!!!
vou baixar tudo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

FERREAVOX disse...

onde conseguiu essa tradução de "modern day F word"? Ótima! Melhor impossível! Dá pra disponibilizá-la também em inglês? valeu!


VEJA O MUNDO COMO ELE É... SINTA A VIDA COMO GOSTARIA QUE ELA FOSSE!
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